domingo, 13 de março de 2011

O TSUNAMI É GRAÇA OU ABSURDO?

Domingo, 13 de março de 2011. Acordei e ao olhar no relógio do celular tomei um susto: marcavam cinco horas e quarenta e sete minutos. O quê? É isso mesmo? Em pleno domingão? E olha que ontem fui para a cama por volta de 23h! Como vi que não ia conseguir “pegar no sono” novamente, fui para a sala e, ali mesmo no sofá fui dar sequência na leitura bíblica sugerida pelo meu “guia espiritual”: “comece pelos evangelhos, mermão”.  Li cinco capítulos do Evangelho de Mateus(de 11 a 15). E no final do décimo terceiro tem uma parábola denominada “Um Profeta Sem Honra”, que vai do versículo 53 ao 58(esta passagem também se encontra no Evangelho de Marcos 6, 1-6). No verso 58 Mateus termina com a seguinte frase: “E não realizou muitos milagres ali, por causa da incredulidade deles”. Essa afirmativa me desbaratinou. Dei sequência na leitura, porém com um certo incômodo, pois tais palavras despertaram em mim uma curiosidade muito forte.
Como a fome apertou fui até a cozinha preparar um café e abrir a porta para a Luna – a última cadela agregada à casa – me fazer companhia. Liguei o rádio, comi mamão, passei o café, brinquei com a minha cachorra, tomei café, comi torrada, pão... e a frase continuava em minha mente. Então, fui até uma estante que tenho na copa e comecei a olhar alguns dos vários livros que ficam por lá amontoados. Entre livros de Carlos Drumond de Andrade, Max Gehringer, José Saramago, Affonso Romano de Sant’Anna, Khalil Gibran e Augusto Boal me deparei com L’absurde et la grâce (“O Absurdo e a Graça”,VERUS Editora), do filósofo e padre ortodoxo Jean-Yves Leloup. Em 2009 ganhei-o de meu irmão mais velho e, rapidamente, devorei suas linhas, palavras, capítulos, citações e tudo o mais que aquela autobiografia podia me oferecer. Voltei à cozinha e entre cafezinhos e torradinhas novamente, folhei aquele “manual” que muito me ajudou no processo de entendimento da minha fé e, principalmente, da minha relação com as graças e desgraças da vida.
Tomei um demorado banho e fui me encontrar com meus / minhas “irmãos / irmãs em Cristo” numa comunidade cristã que freqüento, pois domingo é dia de “Caféconzirmãos” e estudo bíblico. Após apreciarmos café, broa, “pãozinho da D. Maria”, biscoitos e etc, o companheiro que dirige – e muito bem - o estudo, sugeriu a todos um tema que anda à “boca grande” pelo mundo afora: o desastre ocorrido no Japão há dois dias atrás. Um abalo sísmico de magnitude 8,9 na escala Richter que gerou um tsunami de 10 metros de altura, invadindo o nordeste daquele país. Resultado do fato em terras nipônicas: caos, destruição, mortes, sofrimento, expectativas e, consequentemente, perigo a todo o mundo devido às explosões ocorridas em algumas usinas nucleares. Informações técnicas e especulações à parte, o grupo concordou com a proposta. Então, entre idas e vindas nos livros do Velho e do Novo Testamento, creio que o estudo e as discussões geradas ajudaram – e muito – a manter a crença e a fé em Deus e no plano que Ele tem para a humanidade.
“Mas, como assim?”, você pode estar se perguntando. “Um absurdo desse ajudar a manter a crença e a fé em Deus?” É fato que a terra e o mar encontram-se tão contaminados pelos nossos atos que eles estão rejeitando seus “moradores” de forma global. O planeta não está suportando mais tanto avanço em busca de algo que só satisfaz os prazeres fugazes e às vezes nem tem muita explicação convincente. Ele grita de dor e vomita fogo e sangue. Todas as formas de vida nele existente estão fadadas a um fim trágico. E bem mais trágico que as grandes catástrofes que já aconteceram em todos os tempos.
Podemos, então, até achar “absurdo” o juízo divino em todo esse processo? Sim, pois é aí que se encontra a “graça”. O Pai busca o seu filho através do arrependimento, do repensar seus atos. Ele quer que o filho se atente para o que tem feito, tentando salvá-lo através de fatos. Deus continua nos chamando. Deus continua promovendo a salvação para todos nós, pois todas as coisas lhe estão sujeitas. Às vezes ele escolhe os piores lugares e as piores situações para falar-nos e, assim, unirmo-nos a Ele e aos outros. E mesmo assim, dotados de todas as qualidades e, sobretudo de inteligência, nós não nos voltamos para isso, para as manifestações de Deus, e continuamos nos valendo do grande presente que o Pai deixou, por mais que queiramos admitir ou não: o livre arbítrio. O “eu posso” ilimitado simplesmente tem sujeitado o ser humano à maior desgraça que possa acontecer consigo próprio: a perda da alma! E é verdade: EXISTE ABSURDO NA GRAÇA! Ela realmente é estranhamente absurda. Então, entendo o “por causa da incredulidade deles”. A genealogia de Jesus, o meio em que vivia, a sua realidade humana foram determinantes para que as pessoas que ali se encontravam não acreditassem no que Ele fazia e / ou fez enquanto por aquelas bandas estava. E esse julgamento partiu “das pessoas”. A incredulidade do povo O fez partir dali. Agora, o que mais Deus terá que nos mostrar para que venhamos a acreditar que seu plano está se confirmando a cada dia mais, a cada momento de nossas vidas? Isso eu nem imagino. Só sei que ele continuará, seja “absurdamente” ou não, nos mostrando incessantemente que “...sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo”(Levítico 19, 1).

“Porque preocupar-se tanto com o seu futuro e estar   tão pouco preocupado com a sua eternidade?”



MENTE-QUENTE

2 comentários:

  1. Os pensamentos de DEUS são infinitamente mais elevados que os pensamentos do homem. Tá lá, em Isaías. Só sei que tudo o que Ele faz é perfeito e bem feito. Nós, homens, é que estragamos as coisas todas as vezes em que "temos oportunidade". Abraço, Chicão!

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  2. Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada.
    19 Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus.
    20 Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou,
    21 na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
    22 Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora;
    Ao lemos seu texto sentimos graças meu irmão. É preocupante tudo que se tem visto, mas nós, já temos as informações que nos garante (Ele nos garante)ficarmos tranqüilos, por que nossas vidas então escondidas Nele (no Senhor Jesus). O que nos resta, e isso é o bastante, é que no fim de todas as coisas permaneça nossa fé.
    Parabéns pelo texto, fiquei super feliz pela leveza. Continue a nos agraciar com suas idéias. Pax domini...

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