domingo, 27 de fevereiro de 2011

"NÃO POSSO MAIS VIVER SEM MIM!"

Há quanto tempo eu vinha me procurando, quanto tempo faz, já nem me lembro mais. Sempre correndo atrás de mim feito louco, tentando sair desse meu sufoco. Eu era tudo o que eu podia querer. Era tão simples e eu custei prá aprender. Daqui prá frente  nova vida eu terei. Sempre ao meu lado bem feliz eu serei. Eu me amo, eu me amo. Não posso mais viver sem mim. Como foi bom eu ter aparecido nessa minha vida já um tanto sofrida. Já não sabia mais o que fazer prá eu gostar de mim, me aceitar assim.  Eu que queria tanto ter alguém. Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém. Longe de mim nada mais faz sentido. Prá toda vida eu quero estar comigo. Eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim. Foi tão difícil prá eu me encontrar. É muito fácil um grande amor acabar, mas eu vou lutar por esse amor até o fim. Não vou mais deixar eu fugir de mim. Agora eu tenho uma razão prá viver. Agora eu posso até gostar de você. Completamente eu vou poder me entregar. É bem melhor você sabendo se amar. “EU ME AMO”, ROGER ROCHA MOREIRA
A trilha sonora da volta de Beagá dia desses foi  uma delícia. Músicas “oitentistas” embalavam as muitas curvas da “estrada da morte”. E enquanto a sinuosidade dessas curvas não se findavam – até pareciam mesmo que nunca teriam fim -, eu, meu filho e minha esposa começamos, sob a nossa ótica, a brincar de analistas e críticos de algumas canções que nos divertiram durante os 200 quilômetros que nos separavam da capital mineira. E as canções da banda “Ultraje a Rigor” foram as que renderam o maior número de comentários: “Rebelde Sem Causa”(1984), “Inútil”(1985), “Pelado”(1987) – essa rende uma crônica -, “Mim Quer Tocar”(1985), “Terceiro”(1987),  “Sexo!!”(1987) – essa rende um livro – e outras mais fizeram parte do rol. Roger Rocha Moreira, que está entre os quase 100 mil seres humanos com o Q.I. acima da média – ver www.mensa.org.br -  divertiu – e ainda continua divertindo – todos aqueles que ouviram e ainda ouvem suas canções. O deboche impresso em sua voz com tom farresco é nato, assim como sua visão do mundo, do ser humano que vive (des)ordenadamente em sociedade e, principalmente, das questões existenciais que todos nós exprimimos através de pensamentos e atos. A canção “Eu Me Amo” é, para mim, um hino à busca incessante, à insatisfação exacerbada que retrata o encontro do ser humano consigo próprio, que sempre viveu numa desordem interna, procurando sua singularidade, individualidade e unicidade. E essa busca incessante de dar sentido à vida num mundo onde a coisificação do ser humano é “lugar comum” se torna mais complexa, principalmente para pessoas que sempre buscaram fora de si esse sentido. “Eu era tudo o que eu podia querer” é um olhar no espelho e dizer para si mesmo “você é e sempre foi importante para mim”. Só não sabia o motivo. É a descoberta do amor próprio, do tesão por si mesmo. E quando essa descoberta ocorre, sentimos algo tão forte que não podemos mais viver sem nós mesmos. É a personificação do meu eu. Arduamente nós buscamos esse auto conhecimento através de nossas experiências, de nossas vivências em relacionamentos sociais, amorosos e espirituais. E nem sempre, ou ao tempo que poderia ou deveria acontecer, descobrimos nossas virtudes e dons. Quando esse processo se mostra como algo já “concretizado” é que vemos que só seremos nós mesmos se existir o “outro”, o “próximo”, “alguém”. E aí se descobre o real sentido dessa existência (“agora eu tenho uma razão prá viver / agora eu posso até gostar de você / completamente eu vou poder me entregar / é bem melhor você sabendo se amar”). Valorizando a si próprio consegue-se aceitar a condição de ser humano, limitado e que não consegue viver sozinho. Muitos acreditam – me incluo nesse bolo – que existe alguém que vem antes desse amor próprio e ao próximo. Claro que isso é uma questão de crença, visão ou até mesmo conveniência. Porém, falando a verdade, o “conhece-te a ti mesmo” está tão na moda tanto quanto a se registrar no “ Facebook”. Mas essa é uma outra história...
MENTE QUENTE (créditos de Taís F. Estrela Fernandes)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Encardido é High Tech!


Dia desses, esticado no sofá e zapeando em busca de algo que me prendesse a atenção – quando fico assim é quase impossível que algo na TV me agrade -, deparei-me com um programa da Rede Canção Nova onde era exibida uma pregação do amado e já "liberto" Pe Léo. Esta já se encontrava no meio, mas o que vi e ouvi mexeu com meus músculos, veias, membros, coração, cérebro e alma. Não sei ao certo o nome da pregação, mas durante o prazo que estive na frente da telinha, ele citou 3 dos tidos como pecados originais pela igreja católica: avareza, gula e luxúria. Nomeando o "mal" e o "mau" ( leia-se satanás, belzebu, lúcifer, capeta, demônio ou o que você quiser ) como encardido – sempre puxando o r de mineiro do interior – aquele ser me fez enxergar pequenas coisas – porque as grandes eu vejo – que serviram para reforçar alguns valores e, principalmente, para me deixar mais antenado.
Não sou extremamente avesso à tecnologia – computadores, internet, softwares, telas assim e assado, wireless, hardwares, etc – mas não acompanho muito bem ou como gostaria de acompanhar todas as mudanças e atualizações decorrentes desse universo. Porém, o que assisti naquela pregação me fez despertar para algo que, infelizmente, tenho que admitir: o encardido é mais high tech do que eu. Claro que com finalidades bem diferentes, o ser das trevas utiliza de mecanismos sofisticados para continuar com seus planos funestos. Ele apenas está se atualizando e difundindo sua milenar cultura. Então comecei a analisar dois dos 3 termos citados pelo Pe Léo: avareza e gula. Nós adoramos apontar o dedo para as pessoas que pecam por vários motivos, principalmente por serem usuárias de álcool, maconha, cigarros, cocaína, anfetaminas, crack e etc. Fazemos isso por vários motivos: para difamar, para mantê-los afastados dos sóbrios e saudáveis ( lembra-se do campo dos leprosos? ) para identificá-los ( "A Letra Escarlate" é um filme lindo ) e, muito pouco, para ajudá-los. Esses tipos de pecado não são bem vistos por nós que, tentando ser diferentes, buscamos formas que são aceitas dentro da sociedade ( que nada mais é do que o resultado de nossas ações ). Mas, que tipo de pecado é socialmente aceito? Uai, vários! É isso mesmo! Explico já: às vezes nem nunca usamos as drogas acima citadas, mas que, quando saímos "às compras" no intervalo para almoço, que é ótimo para praticarmos esse tipo de fast food, principalmente nas lojas em promoção, retornamos ao trabalho tão esfuziantes que parecemos ter cheirado umas 10 carreiras de pó! E quando compramos nossos reluzentes automóveis, com acessórios cada vez mais poderosos e chamativos? Entramos em êxtase, principalmente na hora de mostrar aos amigos ou quando alguém comenta alguma coisa. Quantos de nós saíram do país em busca de "um futuro melhor", de uma vida mais confortável, e deixaram os filhos para trás, sendo cuidados pelos avós, tios? Quando alguém constrói casas, prédios, cria empresas e etc, dizemos "fulano está bem, hein"! E quando vemos um folder de supermercado? A primeira pergunta é "o que está na promoção?". Fazemos isso até sem precisar, mas queremos ver o que tem lá.
Talvez você esteja achando loucura o que escrevo ou se perguntando "o que esse cara está tentando explicar?". Dá até a impressão que tenho uma visão ultrapassada, de país de terceiro mundo. Não é isso. Eu apenas questiono os motivos pelos quais fazemos tudo isso. O "encardido" sabe a forma que agimos diante dos vícios ilícitos, dos vícios condenados. É uma situação já experimentada. Ainda não conseguimos mudar nossa concepção. Então, ele nos pega através dos vícios socialmente aceitos: comer muito, comprar muito, "ganhar" muito dinheiro, construir muito. Assim, como os usuários de drogas, nos viciamos em coisas que entendemos ser normais. O ato de usar drogas tem o mesmo fim que o ato de comprar, de consumir, de construir excessivamente: suprir necessidades internas, emoções com as quais ainda não aprendemos a nos relacionar. Questões existenciais e espirituais. Quantos são os filhos daqueles que saíram do país que foram trocados por uma vida confortável? E isso se aplica também para nós que continuamos nossa rotina tupiniquim. Estudamos muito, trabalhamos muito, só para acompanhar as mudanças que são cada vez mais rápidas. E o encardido também sabe disso. Porque ele gastaria energia com algo que não gostamos, que criticamos e às vezes até abominamos? Toda a força dele está voltada para aquilo que temos como NORMAL e NECESSÁRIO! Nossos aparelhos tecnológicos, sejam eles residenciais ou utilitários do trabalho estão cada vez mais modernos, mais facilitadores do dia a dia. E o encardido sabe disso também. Ele acompanha todas os lançamentos dos novos modelos e das novas marcas. Isso se não for ele o criador de tais. Buscamos, ao longe, acessar uma realidade totalmente virtual, e esquecemos que a plena realidade se encontra bem próximo, dentro da gente.
O nosso comportamento de consumo, que os grandes especialistas insistem em pesquisar para conseguirem vender mais, nada mais é do que o reflexo do que conseguimos fazer conosco. É verdade! Conseguimos! Autorizamos a todas as emissoras de TV e internet a entrarem em nossas casas e nos ensinarem a consumir, a nos "provarem" que "precisamos" ou disto ou daquilo. É tudo culpa nossa! E, mais uma vez, o encardido sabe disso.
Diante desse universo de informações cada vez mais rápidas perdemos o controle de nossas vidas e algumas de nossas principais características, entre elas o "querer". Para nós, seres humanos, o desejo, a necessidade e a vontade ( um abraço aos "antigos" Titãs) são sentimentos adaptáveis a qualquer situação. Nossas necessidades mudaram a configuração.
Como faríamos então para acompanhar o ritmo mundial sem sermos engolidos pela onda do consumismo? Respondo: valorizar mais cada instante em que estamos com os nossos, aproximar o máximo possível das pessoas que temos, buscar compreender nossas "reais" necessidades e não aceitar as possíveis e virtuais demandas impostas por um sistema que se torna, a cada dia, mais cruel, mais competitivo e desleal. E acima de tudo, de qualquer "suspeita", perguntarmos para nós mesmos: o que estou fazendo aqui nesse planeta? Qual é o grande motivo da minha passagem por aqui?

                                                                                       Mentequente

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Presente de Deus

Sou uma pessoa bastante curiosa. Gosto de ler e muito mais de conversar com as pessoas. Às vezes até com quem não conheço. Sou curioso por querer saber o que está acontecendo por aí, nos fatos, nas situações, nas manifestações humanas e, principalmente – sei que nunca conseguirei isso, mesmo assim insisto – no que pensa o ser humano. O termo “entrar na mente” das pessoas (Mel Gibson sabe muito bem do que estou falando em seu engraçado personagem Nick Marshall em “Do Que As Mulheres Gostam”) é, para mim, uma obsessão. Sei que isso é humanamente impossível na prática, no concreto, na rigidez da palavra entrar, que quer dizer “passar de fora para dentro”, “ir ou vir para dentro”, “penetrar, introduzir-se”, “profundar, arraigar-se”. Mas quando eu falo entrar me refiro a duas situações: uma é a de fazer aquilo que acontece no filme estrelado por Gibson, onde ele, depois de um acidente com o secador de cabelos dentro da banheira de seu apartamento, adquire o poder de ouvir o pensamento das mulheres; a outra é a de entrar na mente como algo mais a ser questionado pelas pessoas, conseguir fazer com que elas pensem, repensem, triturem, analisem e concluam algo, seja de bom ou negativo, a partir de minhas ações, das coisas que escrevo ou daquilo que falo. Buscar o entendimento das nossas ações enquanto  seres dotados de “corações e mentes” é uma das mais gostosas viagens que faço por aqui, por este planeta. E tem certas ações que são, no mínimo curiosas. Uma delas é a que relatarei a partir de agora imprimindo minha opinião sobre o tema.
Desde garoto sempre gostei de ler os adesivos colados na traseira dos veículos que rodam por aí. Cada um com temas específicos, sejam de empresas, igrejas, mensagens, palavras, figuras, emblemas de times de futebol, faculdades, nomes de filhos, pais, etc. Houve uma época em que adesivos com a palavra “Fui” eram comuns. Depois “Voltei” também começou a aparecer.  E então, terços, “faces” de Cristo e símbolos conhecidos no mercado se tornaram comuns nos automóveis. Comecei  a analisar o que nos leva a colar em nossos automóveis esses adesivos que, penso eu, devem ter um  sentido ímpar. Além de uma palavra escrita errada – “promeça” de Deus -, tem algumas que me deixam encucado. Algo como “...sua inveja é a velocidade do meu sucesso” é terrível. Se o cara tem algum problema com alguém, uma situação que ficou mal resolvida, que acerte com quem aconteceu o fato. Será que o fato dele ser proprietário de um veículo causa a ele uma sensação tão grande de poder que quer que isso reflita nos outros, causando esse sentimento tão devastador? Defino isso como “consumismo deslumbrado”. Outra frase que é muito utilizada e já virou um jargão bem modista é “foi Deus que me deu”, com alguma variância tipo “presente de Deus”. Fico queimando os neurônios (eles foram feitos para serem usados) para tentar entender o que querem dizer essas pessoas. Sei que no Brasil ter um carro novo, de valor alto ou da marca tal é sinônimo de status. Lembro-me de um comercial que dizia “brasileiro é louco por carro”. Parece que isso ficou impresso no ar, na nossa mente de uma forma tão devastadora que o resultado tem sido preocupante: trânsito caótico por todo o país. Claro que outros fatores também colaboraram para o aparecimento das filas quilométricas nos horários do rush, mas esse bem ocupa a posição número um no rol de aquisições de quase todos nós. Voltando à abençoada frase ”presente de Deus”, fico imaginando a visão e a relação com os “bens materiais” que essas pessoas que imprimem esses dizeres em seus veículos têm. Será que na geladeira, no guarda roupas, na máquina de lavar, na TV, nas cerâmicas e pisos de suas casas está escrito essa frase? Imagino na época de frio: tênis, calça, camisa, blusa, às vezes um gorro, luvas e cachecol, tudo com uma etiqueta ou um adesivo escrito “presente de Deus”. E na gravata, bem em cima do nó, com letras maiúsculas. Os óculos escuros deveriam ter hastes bem mais largas para caber esse “carimbo” símbolo da carência humana, que deseja expor algo que, se analisarmos bem, podemos achar que Deus foi mais “gente boa” com essa pessoa do que com as outras. Eu Duvido. Quando uma pessoa dessa vai à praia e abre a sombrinha para se esconder do sol, a frase aparece reluzente com os raios solares. Falando em praia, não consigo  imaginar onde ficaria a frase na sunga de banho ou no biquíni (essa eu deixo para você).
A necessidade de expor o bem adquirido utilizando do nome do Ser sagrado, aliado a uma cultura completamente de consumo, não tem nada a ver com um presente, muito menos sendo este presente vindo de Deus. Nos encontramos num momento em que a relação ser / ter está se confundindo até com a forma que nos relacionamos com o Criador. O grande presente de tudo aquilo que se encontra debaixo do sol é ter sido criado por Ele. O grande presente do ser humano é a própria vida, simples, única, sem precedentes, sem comparações, sem restrições e, principalmente,  sem necessidade de reconhecimento do outro, do aplauso. É nessa vida que devemos, com nossos atos, com nossos laços afetivos, nossa ligação com o Pai, vivermos bem internamente, com menos culpa e vergonha, em comunhão com o mundo espiritual, em cima de princípios que ultrapassam as barreiras da matéria, do engano, do modismo, da cultura do consumo. E, assim, imprimirmos pelos caminhos que escolhemos seguir uma frase que realmente reflete o reconhecimento desse amor do Pai por nós: “eu sou um presente de Deus”!

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Ínício de uma Viagem

Depois de muito relutar quanto à criação desse singelo espaço de postagens de idéias, visões, sentimentos etc, finalmente dei o primeiro passo. Como gosto de "rabiscar" somethings no / do meu / nosso dia a dia, resolvi tornar públicas essas "coisas" que só habitam minha mente. Às vezes - ou com uma considerável frequência - o que sai dela cheira mal ou pode vir a causar náuseas a quem tiver acesso. Porém, prefiro que assim seja ou terei de conviver com esses odores e indisposições sozinho, causando males em áreas que eu não gostaria que fossem afetadas. Então, seja bem vindo(a) a um pequeno percentual do meu mundo invisível "materializado" na tela no seu aparelho(existem tantos tipos e modelos que nem me atrevo a citá-los). Boa Viagem!!!